Ferreira Gullar é um poeta maranhense, eterno pelo mérito de Poema Sujo e tantos mais. Nesse vídeo ele recita um texto de apenas um minuto, chamado Vida. Nome genérico e amplo porque os versos se propõem a descrever a vastidão da vida em si. Corpo? Fogo? Nome? " O corpo esmerilhado do tempo: câncer, vento, laranjal".
Pitaco.
O editor do vídeo simples não assinou o trabalho. Mas o parabenizo. Não pelas fotos, mas por ter resgatado esse áudio. Para se ter noção do privilégio que temos pela tecnologia basta pensar se, sem ela, seria possível ouvir a voz de Gullar recitando um próprio texto. Parece bobagem, mas poetas não aparecem na TV.
Então seria preciso dar a sorte de participar de algum seminário, curso, palestra ou festival que contasse com a presença dele. Se o leitor não for estudante de Letras, dificultou. Ainda que possamos considerar o CD, quem compra disco de poesia recitada? Pouca gente. Mas enfim, hoje em dia a gente pode ouvir nossos poetas em qualquer lugar.
De que isso importa? Ok. Por mais que um jovem qualquer odeie poesia, aposto que ele teria a curiosidade de ouvir Gonçalves Dias recitar a Canção do Exílio - texto que leu por obrigação mil vezes no pré-vestibular. E se ele não tiver interesse, um outro jovem qualquer terá. Na nossa idade escolar, ninguém ouviu Golçalves Dias. Nossos filhos - se forem curiosos - serão ou não privilegiados?
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